Políticos catarinenses aparecem em planilhas de valores da Odebrecht

Políticos catarinenses aparecem em planilhas de valores da Odebrecht

Raimundo Colombo, Cesar Souza Júnior, Antônio Ceron, Carlito Merss, Jaison Cardoso e Roberto Carlos de Sousa aparecem em listas apreendidas pela PF


Seis políticos de Santa Catarina são citados em planilhas apreendidas com Benedicto Barbosa Silva Júnior, presidente da Odebrecht Infraestrutura, na 23ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Acarajé: o governador Raimundo Colombo (PSD); o prefeito de Florianópolis, Cesar Souza Júnior (PSD); o prefeito de Imbituba, Jaison Cardoso (PSDB); o prefeito de Navegantes, Roberto Carlos de Sousa (PSDB); o ex-prefeito de Joinville, Carlito Merss (PT); e o ex-deputado estadual Antônio Ceron (PSD). Os documentos foram divulgados pelo jornalista Fernando Rodrigues, em seu blog no UOL. Os seis catarinenses negam ter recebido pessoalmente qualquer tipo de doação ou valores da Odebrecht Infraestrutura.


Os nomes e valores parecem se referir às eleições para governos e assembleias estaduais, Senado e Câmara de Deputados em 2010 e 2014, além de eleições para prefeituras em 2012. Não há evidência, a partir das planilhas, de que os valores sejam doações regulares ou irregulares. É necessário cruzar os dados com as prestações de contas das campanhas de 2010, 2012 e 2014.



O governador Raimundo Colombo está relacionado nas planilhas apreendidas com um total de R$ 4,8 milhões. Nas duas primeiras, junto com os dos prefeitos do PSDB e com a soma de R$ 4,5 milhões. O nome do governador, que tem o condinome “Ovo” também aparece numa lista abaixo dos nomes de Armando Monteiro e Sebastião Almeida com a data de 12 de setembro de 2012 e com o valor de R$ 300 mil. As outras duas indicações do documento são “Diretório Nacional do PSD” e “FOZ”, uma referência à Foz do Brasil, empresa controlada pelo conglomerado Odebrecht que atua na área de saneamento e tratamento de efluentes. A empresa controla a Odebrecht Ambiental.


O prefeito de Florianópolis, Cesar Souza Júnior, é relacionado nas planilhas como destinatário de R$ 100 mil. Valor menor que o prefeito de Imbituba, Jaison Cardoso (PSDB) com R$ 300 mil e do prefeito de Navegantes, Roberto Carlos de Sousa (PSDB) que teria recebido da empresa R$ 500 mil. Merss e Ceron também teriam recebido o mesmo valor, de R$ 100 mil. Ceron foi candidato a prefeito de Lages e perdeu em 2012 para o deputado estadual Elizeu Mattos (PMDB).


O número total de políticos citados nas listas ultrapassa 200, com nomes como Eduardo Cunha (PMDB), Aécio Neves (PSDB), Lindbergh Farias (PT), Renan Calheiros (PMDB), Humberto Costa (PT), José Sarney (PMDB), Jaques Wagner (PT), Eduardo Paes (PMDB), Manuela D'Ávila (PCdoB), Celso Russomano (PRB), Gabriel Chalita (PMDB), José Fortunati (PDT), Rodrigo Maia (DEM), Arthur Virgílio (PSDB) e o falecido Eduardo Campos (PSB).

Confira os contrapontos:
Governador Raimundo Colombo
O Governo do Estado esclarece que, com relação às recentes divulgações de supostos recursos repassados para Santa Catarina pela empresa Odebrecht, alguns pontos precisam ficar claros.


1. A empresa Odebrecht não tem em Santa Catarina nenhum contrato, não executa nenhuma obra pública ou realiza qualquer serviço do Governo do Estado, tampouco não tem, desde 2011, período do atual governo, nada que justificasse a transferência desses recursos.


2. Os valores e a forma da suposta transferência são ainda fruto de divulgação fracionada que carecem de fundamentação, o que será aguardado pela autoridade pública estadual para posicionamento definitivo sobre quem possa ter dado causa a esses fatos, se verdadeiros.


3. Por fim, o governador Raimundo Colombo não reconhece qualquer relação com a empresa Odebrecht, tampouco conhecimento sobre qualquer transferência de valores a Santa Catarina, que não tenham sido fruto de doação direta e oficial ou através do partido nacional.
O Governo do Estado apoia todas as investigações e vai colaborar com tudo o que estiver ao seu alcance para que o Brasil supere este momento crítico de sua história.​


Prefeito de Imbituba
O prefeito de Imbituba, Jaison Cardoso de Souza, informa que não recebeu nenhuma verba, para nenhum fim, da empresa Odebrecht, seja como candidato, prefeito ou pessoa física, bem como não conhece ninguém desta empresa. Ressalta ainda que a empreiteira nunca teve nenhum contrato com a prefeitura de Imbituba. O prefeito está à disposição para dar as informações necessárias aos cidadãos de Imbituba e, se necessário, às investigações e à imprensa


Prefeito de Florianópolis
A propósito da divulgação de planilha de alegadas doações de campanha da empresa Odebrecht, a Prefeitura de Florianópolis esclarece que:
1 – A referida empresa não possui qualquer relação contratual, seja com obras ou serviços, com a prefeitura de Florianópolis;
2- O prefeito Cesar Souza Junior não reconhece doação da referida empresa à sua campanha e está à disposição para qualquer esclarecimento.
3- A prefeitura está à disposição dos órgãos de controle para qualquer esclarecimento que se faça necessário.


Prefeito de Navegantes
Roberto Carlos de Souza, o Bob Carlos (PSDB), prefeito de Navegantes, afirma não ter recebido doações de campanha da Odebrecht e ressaltou “não conhecer ninguém da empresa.”. Afirmou que a Odebrecht não mantém nenhuma obra na cidade, e nem o partido no município recebeu qualquer espécie de valor da empresa. “Ou fizeram confusão com o meu nome, ou é um homônimo ou alguém usou o meu nome e o de Navegantes para conseguir dinheiro com a Odebrecht. Que, aliás, teria que ser uma pessoa muito poderosa”, comentou. Ao ser perguntado pelo codinome ‘Rei’, que aparece ao lado do nome Roberto Carlos de Souza e de quantias que supostamente chegam a R$ 500 mil, o prefeito destacou que sempre foi “chamado de Bob.”


Ex-deputado Antônio Ceron
O ex-deputado estadual Antonio Ceron negou com veemência que tenha recedido doações de campanha da Odebrecht. Ressaltou que houve “precipitação” por parte da imprensa em divulgar o conteúdo das planilhas. “O juiz Sérgio Moro mandou retomar o sigilo dos documentos, agora à tarde, porque percebeu que elas são inconclusivas”, frisou. Ceron, cujos valores que supostamente recebeu são de R$ 100 mil, garante “nunca” ter “contatado, conversado ou negociado qualquer tipo de contrato ou acordo com executivos da empreiteira, nem quando deputado estadual e nem quando secretário de Estado.”. Por fim, disse que tomará as medidas cabíveis “para manter a minha honra de 70 anos.”


Ex-prefeito de Joinville, Carlito Merss
Carlito Mers (PT), ex-prefeito de Joinville, e que supostamente recebeu R$ 100 mil, afirma nunca ter recebido pessoalmente doações da Odebrecht. Sobre as eleições para prefeitura de Joinville em 2012, lembra que sua campanha fez pedido à companhia. Não recorda, porém, se a doação foi efetivada. Disse que isso "talvez" tenha acontecido por meio das executivas estadual e nacional do PT, mas que não teria como confirmar isso nesta quarta-feira. Antes de concluir, avaliou que a "política no Brasil está criminalizada" e que vai ser "difícil fazer campanha eleitoral no Brasil em 2016."

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