Entre as vítimas está um menor de 13 anos e um jovem de 22, além de dois homens que não tiveram a identidade divulgada. Segundo a PM, todos teriam envolvimento com a facção criminosa Primeiro Grupo Catarinense (PGC). As mortes rolaram em uma casa no final bairro Meia Praia, por volta das 19h.
A PM recebeu uma denúncia anônima de que um homem armado estaria fazendo a segurança para um grupo reunido no local. Uma viatura descaracterizada filmou o suspeito manuseando a arma. Logo em seguida, os policiais militares fizeram a abordagem. O suspeito tentou correr para dentro da casa e houve troca de tiros, segundo a polícia. Alifer dos Santos Inácio, 13, e Lucas Crivilari, 22, morreram no local, assim como outros dois homens que não foram identificados.
Três suspeitos teriam conseguido fugir e até o fechamento desta edição não foram localizados. O comandante da 3ª RPM, coronel Claudio Roberto Koglin, disse à reportagem que na casa estaria ocorrendo o ‘julgamento’ do homem que foi preso. Ele disse aos policiais que teria dívidas com a facção e, por isso, estava sendo julgado pelo bando. Cinco armas foram apreendidas: uma pistola 380, um revólver de calibre 44 e dois revólveres de calibre 38.
Ainda de acordo com o coronel, a casa passaria por uma revista em busca de mais armas após a liberação do Instituto Geral de Perícias (IGP). Vizinhos desmentem Os moradores do bairro contestaram a versão da PM de que as pessoas que estavam na casa teriam entrado em confronto com a polícia. Pelos relatos, a polícia teria chegado num Sandero branco descaracterizado, por volta das 19h. “Eles chegaram atirando.
Aqui é tudo morador, pai de família”, contou um dos populares que se aglomeravam na rua. “Vim procurar amigos, vi os tiros e saí fora”, contou outro morador, que também relatou não ter visto confronto. Ele passou no local bem na hora da abordagem. “Eles desceram do Sandero já atirando”, completou o homem. Os moradores estavam indignados com a polícia porque as famílias não sabiam quem tinha morrido.
Pais, mães e parentes se desesperavam pedindo informações. Inicialmente, o povo chegou a falar até em sete pessoas mortas. A polícia, no entanto, não deixou ninguém passar o isolamento, nem mesmo a imprensa e uma advogada que foi acionada pela família de uma das vítimas e também buscava informações. Na rua estava a sogra de Lucas Crivilari, que foi uma das vítimas dos disparos. A mulher garantiu que não houve confronto e que os policiais chegaram atirando. Segundo ela, na casa tava rolando a festa de aniversário de Lucas.
O imóvel era de um dos amigos dele, que teria organizado a comemoração surpresa. No momento em que a polícia chegou, cerca de 20 pessoas estavam no local, informou a mulher. O pescador Alexandre Benedito Inácio, pai de Alifer dos Santos Inácio, menor morto na ocorrência, era outro que buscava saber se o filho estava morto.
Ele só foi saber da morte depois que a PM liberou a rua e as viaturas foram embora, e isso por meio de vizinhos. “Eu sabia que ele estava andando com más companhias”, desabafou Alexandre, desconfiado do envolvimento do filho no caminho do crime. Jornalista atingido por bala de borracha Um dos pais desesperados para ter informações sobre as mortes tentou romper o isolamento da PM para chegar até a casa. Ele foi contido pelos próprios moradores, mas conseguiu se desvencilhar e chegou até a barreira montada pela polícia – que segurou o homem. Alguns moradores atiraram pedras contra os policiais. Foi o estopim para que a PM partisse para cima do povo com porrada de cacetetes, balas de borracha, spray de pimenta e granadas de som e luz. E sobrou tiro para todo mundo que estava perto.
O jornalista do DIARINHO, Sandro Silva, foi atingido por um disparo no joelho. Ele se identificou como jornalista, usava crachá inclusive, mas um dos policiais, além de não dar bola, ainda fez mira e disparou contra Sandro. Com dificuldades para andar, ele se refugiou numa casa na rua paralela. Sandro classificou a ação como covarde e desnecessária, considerando o abuso da força policial que feriu outras pessoas da comunidade. Um dos moradores que tava ao lado de Sandro ficou ainda mais ferido. O cara levou dois tiros, além de chutes de um oficial.
No avanço da tropa de choque, um cinegrafista de TV também foi agredido por um policial militar com um chute. O rapaz, que quase se espatifou no chão com a câmera, correu junto com outras pessoas para uma casa. Durante o cerco, uma mulher tentava atravessar a rua. Ela passou mal no caminho e teve que ser carregada por outro morador.
Para dispersar o tumulto, os policiais levaram aproximadamente 15 minutos. Contraponto O comandante da PM, coronel Claudio Koglin, disse que não estava sabendo da agressão.
Segundo ele, o pessoal da imprensa que estava cobrindo a ação da polícia foi chamado para ficar atrás da barreira da PM. “Nós tivemos esse cuidado de chamar os repórteres porque estavam em uma situação de risco”, afirma. Ele garantiu que vai verificar o que aconteceu. O jornalista fará uma queixa à corregedoria da polícia Militar. A direção do DIARINHO informará à Associação Nacional dos Jornais sobre a violência policial contra a imprensa.
Texto: Diarinho - http://www.diarinho.com.br/materias.cfm?caderno=25&materia=115569
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