Adolescente de 14 anos está entre os mortos em confronto com a PM em Navegantes


Na ocorrência da noite de ontem, em Navegantes, teve balas de borracha e bombas de gás Uma ação da polícia Mi­litar na noite de ontem acabou com quatro pessoas mortas e um homem detido em Navegantes. 

Entre as vítimas está um me­nor de 13 anos e um jovem de 22, além de dois homens que não tiveram a identidade divul­gada. Segundo a PM, todos te­riam envolvimento com a fac­ção criminosa Primeiro Grupo Catarinense (PGC). As mortes rolaram em uma casa no final bairro Meia Praia, por volta das 19h.


 A PM rece­beu uma denúncia anônima de que um homem armado esta­ria fazendo a segurança para um grupo reunido no local. Uma viatura descaracterizada filmou o suspeito manusean­do a arma. Logo em seguida, os poli­ciais militares fizeram a abor­dagem. O suspeito tentou cor­rer para dentro da casa e houve troca de tiros, segundo a polí­cia. Alifer dos Santos Inácio, 13, e Lucas Crivilari, 22, mor­reram no local, assim como outros dois homens que não foram identificados. 


Três sus­peitos teriam conseguido fugir e até o fechamento desta edi­ção não foram localizados. O comandante da 3ª RPM, coronel Claudio Roberto Ko­glin, disse à reportagem que na casa estaria ocorrendo o ‘julga­mento’ do homem que foi pre­so. Ele disse aos policiais que teria dívidas com a facção e, por isso, estava sendo julgado pelo bando. Cinco armas fo­ram apreendidas: uma pistola 380, um revólver de calibre 44 e dois revólveres de calibre 38. 


Ainda de acordo com o coro­nel, a casa passaria por uma re­vista em busca de mais armas após a liberação do Instituto Geral de Perícias (IGP). Vizinhos desmentem Os moradores do bairro contestaram a versão da PM de que as pessoas que esta­vam na casa teriam entrado em confronto com a polícia. Pelos relatos, a polícia teria chegado num Sandero bran­co descaracterizado, por volta das 19h. “Eles chegaram ati­rando. 

Aqui é tudo morador, pai de família”, contou um dos populares que se aglome­ravam na rua. “Vim procurar amigos, vi os tiros e saí fora”, contou ou­tro morador, que também rela­tou não ter visto confronto. Ele passou no local bem na hora da abordagem. “Eles desceram do Sandero já atirando”, comple­tou o homem. Os moradores estavam in­dignados com a polícia porque as famílias não sabiam quem ti­nha morrido.


 Pais, mães e pa­rentes se desesperavam pedin­do informações. Inicialmente, o povo chegou a falar até em sete pessoas mortas. A polícia, no entanto, não deixou ninguém passar o isolamento, nem mes­mo a imprensa e uma advo­gada que foi acionada pela fa­mília de uma das vítimas e também buscava informações. Na rua estava a sogra de Lu­cas Crivilari, que foi uma das vítimas dos disparos. A mulher garantiu que não houve con­fronto e que os policiais che­garam atirando. Segundo ela, na casa tava rolando a festa de aniversário de Lucas. 


O imóvel era de um dos amigos dele, que teria organizado a comemora­ção surpresa. No momento em que a polícia chegou, cerca de 20 pessoas estavam no local, informou a mulher. O pescador Alexandre Be­nedito Inácio, pai de Alifer dos Santos Inácio, menor morto na ocorrência, era outro que bus­cava saber se o filho estava morto. 

Ele só foi saber da mor­te depois que a PM liberou a rua e as viaturas foram embo­ra, e isso por meio de vizinhos. “Eu sabia que ele estava an­dando com más companhias”, desabafou Alexandre, descon­fiado do envolvimento do filho no caminho do crime. Jornalista atingido por bala de borracha Um dos pais desespera­dos para ter informações sobre as mortes tentou rom­per o isolamento da PM para chegar até a casa. Ele foi contido pelos próprios mo­radores, mas conseguiu se desvencilhar e chegou até a barreira montada pela polí­cia – que segurou o homem. Alguns moradores atiraram pedras contra os policiais. Foi o estopim para que a PM partisse para cima do povo com porrada de ca­cetetes, balas de borracha, spray de pimenta e grana­das de som e luz. E sobrou tiro para todo mundo que estava perto. 

O jornalista do DIARINHO, Sandro Silva, foi atingido por um disparo no joelho. Ele se identificou como jornalista, usava crachá in­clusive, mas um dos poli­ciais, além de não dar bola, ainda fez mira e disparou contra Sandro. Com dificul­dades para andar, ele se refugiou numa casa na rua paralela. Sandro classificou a ação como covarde e des­necessária, considerando o abuso da força policial que feriu outras pessoas da co­munidade. Um dos moradores que tava ao lado de Sandro ficou ainda mais ferido. O cara le­vou dois tiros, além de chu­tes de um oficial. 










 No avanço da tropa de choque, um cinegrafista de TV também foi agredido por um policial militar com um chute. O rapaz, que quase se espatifou no chão com a câmera, correu junto com outras pessoas para uma casa. Durante o cerco, uma mulher tentava atravessar a rua. Ela passou mal no cami­nho e teve que ser carrega­da por outro morador. 

 Para dispersar o tumulto, os policiais levaram aproxi­madamente 15 minutos. Contraponto O comandante da PM, coronel Claudio Koglin, dis­se que não estava sabendo da agressão. 

Segundo ele, o pessoal da imprensa que estava cobrindo a ação da polícia foi chamado para fi­car atrás da barreira da PM. “Nós tivemos esse cuidado de chamar os repórteres porque estavam em uma si­tuação de risco”, afirma. Ele garantiu que vai verificar o que aconteceu. O jornalista fará uma queixa à correge­doria da polícia Militar. A direção do DIARINHO infor­mará à Associação Nacional dos Jornais sobre a violência policial contra a imprensa.


Texto: Diarinho - http://www.diarinho.com.br/materias.cfm?caderno=25&materia=115569

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